quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mestre: Fernando Pessoa



Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desejos


Queria eu ser o motivo por trás de cada sorriso seu,
por trás das caras de boba que fizer,
das tuas revoltas, dos teus sonhos...
Queria eu poder te salvar a cada dia,
salvar-te do teu pior pesadelo,
solucionar todos os seus problemas
até mesmo quando eu for um deles.
Queria ter você perto sempre que você precisasse
ou ser eu apenas o supérfluo,
ser o travesseiro que tu descansa à noite...
Queria ser o fim de tudo e o começo de algo pra você,
queria eu estar em você, ser teu,
ser a canção que te acalma, ser o beijo que te abala...
Ser eu todos os outros, tanto os errados quanto o certo,
ser apenas eu e isso bastar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Odisséia de um deus pt.1

Enquanto voa para aproximar-te do teu deus,
eu olho bem dentro de mim.
lá ele reside, adormecido, mas está lá.
Procure olhar para o céu e não perceber cores,
mas sim energia, sinta a cor das nuvens,
sinta o cheiro da energia natural
queria eu ver as cores das palavras,
talvez quando puder fazê-lo seremos uno,
donos da própria vontade.
A Thelema existe, está aí, você que não vê,
prefere fechar os olhos e andar no desconhecido,
você pode sair desse coma, pode abrir os olhos,
sentir a luz arder seus olhos ao primeiro instante,
mantenha sua fé, ela é importante,
não, não essa fé, mas a tua fé,
não precisas de provas de ti mesmo,
necessitas apenas andar
com suas próprias pernas,
sem muletas ou apoio.
No final verá que valeu a pena,
nada de remorso ou arrependimentos,
pois isso não mais te pertencerá.